arquitetar

"Procurar as orgânicas,os movimentos espontâneos,isto é, compreender a natureza para depois demarcar na geografia.A construção também tem que ser uma desconstrução.É necessário reflectir e inflectir.Procurar estar na essência da geometria.Resolver, encontrar o arco, ligar dois pontos, enfrentar um projeto e uma ideia, empreender uma lógica, um mundo."

sexta-feira, 26 de abril de 2024

Casa Gávea - Rio De Janeiro | Arquitetos: gru.a

Este projeto ocupa um platô bordeado por um trecho de mata atlântica, no rio de janeiro. Esse pequeno espaço de convívio define-se através da implantação de muros de concreto ciclópico, que organizam áreas de permanência.

A ocupação do projeto cumpre a demanda de criar um espaço para cozinhar e comer aberto-coberto, uma pequena sala de estar e uma praça ao ar livre.

Tomamos emprestado o uso do ciclópico como repertório abundante na cidade do Rio de Janeiro, em especial aqueles que contém cortes nos terrenos por onde passam passeios urbanos em meio a floresta da Tijuca. Esbeltas linhas de perfil metálico os conectam e permitem o assentamento de lâminas de concreto que desenham a sombra no espaço, com o auxílio da vegetação local.























Área: 350 m²
Ano: 2023
Fotografias:Rafael Salim, Pedro Kok
 

sexta-feira, 11 de novembro de 2022

A genealidade do design brasileiro...




ZALSZUPIN, Jorge - Varsóvia, Polônia (1922) - Jorge Zalszupin nasceu em Varsóvia, Polônia, em 1922. Formou-se arquiteto na Romênia em 1945. Sua importância para o design brasileiro merece pesquisa, ainda não realizada. Além de ter sido dono da fábrica de móveis l'Atelier, de móveis modernos, Zalszupin liderou uma iniciativa ímpar: coordenou uma equipe de designers que trabalhavam para quatro distintas fábricas de um mesmo grupo empresarial, o grupo Forsa. Esta é uma experiência rara e talvez única no mundo.
Zalszupin imigrou para o Brasil em 1949 e, depois de uma breve estadia na capital da República, estabeleceu-se em São Paulo, cidade que entrava num ciclo de grande crescimento industrial e de grandes transformações culturais. Abriu escritório de arquitetura , tendo como sócio José Gugliota, na primeira metade dos anos 1950. Ao cansar-se de projetar e mandar fabricar móveis exclusivos para as residências de seus clientes, decidiu associar-se a um grupo de marceneiros e produzir pequenas séries. Assim surgiu a fábrica l'Atelier, que logo começou a fabricar móveis de escritórios e que passou de uma marcenaria de procedimentos artesanais a uma indústria com produção seriada. A primeira peça desta série foi feita em 1959 e é uma poltrona apelidada de 'Dinamarquesa' pelos funcionários. Construída de jacarandá e estofada, e ela tem pés palito e o desenho de seus braços e pés frontais lembram as colunas projetadas por Niemeyer para o Palácio do Alvorada.
No começo dos anos 1970, com sérios problemas financeiros, l'Atelier foi vendida para um grupo empresarial, que já era proprietário da Laminação Brasil (ferragens), da indústria de produtos plásticos Hevea e da fábrica de computadores Labo. A venda foi negociada com o 'passe' de Zalszupin como diretor de pesquisa e desenvolvimento de produtos. Desse modo, Zalszupin ampliou a equipe de designers - que já contava com Oswaldo Mellone - incorporando Paulo Jorge Pedreira e Lílian Weimberg, de forma permanente. Os designers batizaram o grupo empresarial de Forsa e passaram a atuar como laboratório de criação.
As possibilidades técnicas oferecidas por quatro distintas plantas industriais foram potencializadas pela equipe de designers. Desta forma, a Hevea, que produzia commodities plásticas, ganhou uma linha de produtos muito sofisticada no desenho e firmou uma marca, a Eva, de utensílios domésticos, vendida em supermercados. A própria l'Atelier passou a usar o plástico injetado, produzindo painéis divisórios para escritórios e licenciando a cadeira de concha de polipropileno Hille desenhada por Robin Day. Além dos produtos que foram ao mercado, a equipe de design do grupo Forsa testou dezenas de novas idéias, que formam extraordinário acervo a ser pesquisado e que, certamente, muito influíram na base de atuação de Oswaldo Mellone e de Paulo Jorge Pedreira.
A crise dos anos 1980 afetou profundamente o desempenho das empresas do grupo Forsa. A equipe de design se dissolveu no final da década. Oswaldo Mellone e Paulo Jorge Pedreira abriram seus escritórios individuais e Jorge Zalszupin dedicou-se exclusivamente a arquitetura, atividade que nunca abandonara.
A partir de 2005, a empresa Etel Marcenaria passou a produzir vários dos itens projetados por Zalszupin para l'Atelier - entre eles a poltrona 'Dinamarquesa' - , privilegiando os objetos da fase artesanal da empresa.


POLTRONA MANHATTAN



POLTRONA CUBO




sexta-feira, 7 de outubro de 2022

Casa Treliça / Terra Capobianco + Galeria Arquitetos


A implantação da Casa Treliça parte de um programa de necessidades de aproveitamento máximo da ocupação do terreno delimitado pelos recuos obrigatórios do regulamento que desenha os lotes residenciais da região de Altos de Pinheiros em São Paulo. Partindo do senso comum de implantação, o exercício arquitetônico inicia na concepção estrutural. A intenção do projeto foi resolver com poucos elementos uma construção rápida e seca, em estrutura metálica, laje steel deck e fechamentos em steel frame. Além da racionalidade dos sistemas construtivos a arquitetura procurou produzir um espaço amplo e totalmente integrado com a paisagem circunscrita no lote de 533,35 m2. Para isso, foram projetadas três treliças metálicas, duas nas extremidades longitudinais do volume principal, permitindo um vão de 15 metros contínuos livre de apoios na área social e a terceira no sentido transversal da largura total do terreno configurando o volume suspenso da edícula de 14 metros de vão livre. As salas de estar e jantar podem ser completamente abertas com painéis de correr de vidro permitindo total integração com a varanda, piscina e o jardim. Um caminho projetado com pisadas de concreto moldado in loco percorre o jardim até a área de lazer, com sauna e churrasqueira localizados sob a treliça da edícula. O aproveitamento visual do terreno é ininterrupto, menos de 1/5 da área do térreo possuem vedação opacas o que produz uma sensação de amplitude potencializada pelo pé direito de 3 metros do pavimento térreo. Uma escada metálica conduz ao primeiro pavimento onde a treliça é revelada a contraluz do material translucido thermoclick. Uma sala comum distribui para as quatro suítes; duas delas projetadas de forma flexível a servir inicialmente para o casal, com dois banheiros e dois closets e uma sala intima além do dormitório. Na edícula o primeiro pavimento abriga a sala de ginásticas e a suíte para hóspedes. Os dormitórios são face leste e oeste com venezianas em ripas verticais de pinus autoclavados e carbonizados para garantir durabilidade e resistência as intempéries. Na fachada norte o thermoclick garante resistência térmica além de agilidade de montagem com painel autoportante de encaixe macho e fêmea. O thermoclick é repetindo na fachada sul. As quatro faces delimitam um volume único retangular de fachada dupla, desmontável e eficiente. O acesso as coberturas técnicas se dão pelas claraboias. Sobre a edícula o aquecimento solar da piscina e o volume principal é coberto por placas fotovoltaicas além dos demais equipamentos, sistema de aquecimento solar e caixas d’água, sendo uma destinada exclusivamente aos vasos sanitários abastecida pela agua de reuso da cisterna de 20 mil litros enterrada sob a garagem da residência. A residência também conta com irrigação automatizada para o jardim proveniente de água da chuva. A casa foi certificada pelo Green Building Council Brasil, referência nacional em construção sustentável, conforme diretrizes estabelecidas no GBC Brasil Casa no nível prata.

























domingo, 25 de setembro de 2022

Casa las vizcachas / Juan Pablo Ureta Arquitectos, ANGOSTURA, CHILE


Este projeto busca questionar certas noções sobre o viver e como nos relacionamos com o meio ambiente. O seu desenho enquadra um segmento da paisagem para o transformar em um refúgio, dando especial ênfase aos elementos estruturais que definem os limites entre o que se constrói e o que é herdado pela natureza. A primeira aproximação ao local, localizado em um condomínio privado na costa centro-norte do Chile, foi mediada por abundante vegetação selvagem e por uma série de aglomerados rochosos que se tocam pontualmente, gerando vazios de diferentes tamanhos e formas entre eles. Esta imagem foi a inspiração para um projeto que transformou aquelas pedras em volumes habitáveis ​​e os vazios nos diferentes pátios que fazem parte do projeto. A Casa Las Vizcachas é a segunda casa de um homem adulto que espera que no futuro se torne sua residência permanente. Isso determinou um programa específico distribuído em 3 blocos. O maior abriga o quarto principal com banheiro privativo e, de maneira integrada, a sala de estar, de jantar e a cozinha. O segundo bloco destina-se ao quarto da filha do proprietário, um quarto de hóspedes e um grande banheiro. Ambos os elementos se tocam tangencialmente, mas só é possível passar de um para o outro através dos terraços. Posteriormente, foi construído um terceiro volume ligeiramente tombado para abrigar uma pequena academia. O acesso é definido por uma rampa e um pequeno pátio, configurado por uma parede de concreto aparente. Ao atravessar esta área, é possível ver o pátio central. Este espaço é o núcleo de todo o projeto e possui diferentes elementos que ajudam a melhorar a experiência de viver no exterior. Uma série de passarelas unem os volumes e configuram diferentes terraços, complementados por uma elipse de concreto que funciona como uma lareira e uma piscina de borda infinita que, em vez de se estender em direção ao mar, está voltada para o pátio, valorizando sua posição. Todo este espaço é atravessado por uma viga de madeira laminada de 21 metros de comprimento que, além de sustentar toda a estrutura da cobertura do volume principal, emoldura uma pequena parte da paisagem. Embora seja uma casa de praia em termos formais, afasta-se desta tipologia voltando-se sobre si mesma. Estabelece relações visuais tanto com o mar como com a natureza que o rodeia, mas não se abre totalmente ao seu ambiente natural. Isso gera uma experiência diferente, que não está ligada a literalmente sentar à beira-mar, mas oferece a possibilidade de curtir a praia. Todas as atividades que podem ser realizadas em uma segunda residência estão sujeitas ao pátio, onde você pode tomar sol, curtir a piscina ou compartilhar um incrível pôr do sol com os amigos. A casa é construída sobre uma laje de concreto que se eleva do solo. Além disso, a casa foi projetada 100% em madeira laminada. Todos os elementos estruturais e paredes internas foram pré-fabricados em uma fábrica localizada a 800 km do local e transportados por caminhão. Essa estratégia economizou tempo na construção e minimizou o impacto do processo no terreno. A estrutura principal é em pinho laminado, enquanto o revestimento externo é em madeira Raulí. Os interiores, por sua vez, são revestidos em Coigüe (outro tipo de madeira da região), uma escolha baseada na intenção de criar espaços translúcidos, conectados com o ambiente e promovendo o relaxamento típico de uma paisagem como esta, mas apelando para uma linguagem própria que se afasta de texturas e itens usuais. A fachada envidraçada que divide as áreas sociais com o pátio central tem 9 metros de comprimento e pode ser totalmente aberta, gerando um único grande ambiente em que os limites de cada área parecem se confundir. No entanto, graças à viga superior, à parede norte concebida como treliça de madeira e outros elementos estruturais, o espaço é contido e protegido.         A natureza é uma dádiva e algo que sempre esteve presente e, neste cenário, a casa procura proporcionar um espaço que gere uma sensação de refúgio no meio desta vastidão gigantesca e incontida que é o oceano. O projeto de paisagismo também segue essa lógica e consistiu basicamente em reconhecer as diferentes espécies nativas que crescem nesta parte do país e gerar um sistema de irrigação eficiente que lhes permitisse fortalecer-se já que o vento aqui pode ser brutal durante a maior parte do ano. Dentro do perímetro da casa, uma concha branca foi usada como parte da paisagem, bem como uma série de rochas que foram extraídas do local e que agora fazem parte do projeto como uma reminiscência da primeira abordagem ao local, e que através da arquitetura foram se transformando em refúgio.